Filho de pedreiro Joseph Denis (? -?) e da camponesa Anne Lucie Liouville (? -?), Léon Denis (1846-1927) nasceu em Foug, na França.
O inicio de sua vida foi marcada pelas constantes mudanças de cidade que realizava a sua família, pois o pai estava sempre à procura de melhoria no emprego.
Cedo, Lèon Denis começou a trabalhar na Casa Pillet, que comercializava couros. Desta forma, auxiliava seus pais, que viviam sempre com poucos recursos. No trabalho ele demonstrou grande interesse e rapidamente foi promovido. Durante seus afazeres aproveitava para estudar, pois somente tinha cursado o primário.
Aos dezoito anos conheceu O Livro dos Espíritos: “A teoria espírita dissipou minha indiferença e minhas dúvidas”, afirmaria posteriormente Léon Denis.
Um novo mundo então se descortinou para o jovem e, Léon passou a ser interessar pela obra cujo conteúdo coincidia com sua forma de pensar. Consequentemente, fez contato espíritas em Tours, cidade onde morava, O grupo foi um dos primeiros da França e era presidido pelo Dr. Chuvet (?-?) .
Em uma de suas viagens Kardec passou em Tours e lá se uniram e fundaram o Grupo da Rua Du Cygne, do qual Denis se tornou secretário.
Depois em 1875, ele foi chamado para servir o exército Frances na guerra contra Alemanha.
Passado este período retornou para Tours e novamente voltou a trabalhar com o grupo que ajudara a fundar. Nesta época se descobriu médium escrevente e depois vidente.
Ficou sabendo que sua companheira espiritual era Joana D’Arc e ambos passaram a desenvolver uma grande afinidade.
Enquanto isto desenvolvia também sua capacidade oratória na Loja Maçônica dos Demófilos, ligada ao rito do Grande Oriente à qual estava vinculado.
Em 1876, atendendo a um projeto seu, os patrões o autorizam a viajar representando a Casa Pillet. Léon Denis visitou boa parte da Europa e também o norte da África. A grande responsabilidade que demonstrava em todas as atividades que desenvolvia, fê-lo ser requisitado, em 1878 pelo Dr. Belle (? -?) para o cargo de secretário geral do Circuito de Touraine, órgão vinculado à liga de Ensino, criada por Jean Mace (…).
A esta altura sua saúde já estava afetada pelas longas viagens que fizera principalmente o estômago e a vista.
Começou então a ficar desiludido, até que recebeu uma mensagem pela via mediúnica, de Jerônimo de Praga, em 02 de novembro de 1882, e com ela o incentivo necessário para continuar sua trajetória. Naquele mesmo ano participou com o Dr. Josset (? -?), Alexandre Delanne e Pierre Gaetan Leymarie de um encontro que resultou na fundação da sociedade dos estudos espíritas.
Aos poucos foi se tornando grande conferencista espírita, esta foi sem dúvida sua grande tarefa e era este o seu principal trabalho, ao qual tinha se referido o Espírito Jerônimo de Praga. Utilizava suas conferências para também propagar o trabalho da Liga de Ensino.
O segundo Congresso Espírita e Espiritualista Internacional, ocorrido em Paris, em 1889, aconteceu quando o médium conferencista tinha terminado a brochura o Porquê da Vida (1885). Naquela ocasião, Denis foi nomeado Presidente da Quarta Comissão, que ser relacionava com a propaganda espiritualista. Ao final, ocorreu uma profunda indisposição entre Léon e o Presidente do Congresso, que defendia o Panteísmo. O médium conferencista esteve firme na defesa dos princípios espíritas, discordando daquela crença. Aproveitou para combater as ideias positivistas que estavam encontrando adeptos dentro da Doutrina Espírita.
A partir de 1890, Denis começou a exercer com maior ênfase sua mediunidade escrevente e foram publicado suas obras, dentre as quais destacamos: Depois da Morte ( 1890), Cristianismo e Espiritismo ( 1898), O além e a sobrevivência do Ser ( 1901), No Invisível ( 1903) e O Problema do Ser, do Destino e da Dor ( 1908). São todas obras esclarecedoras e de uma solidez doutrinaria impecável, particularmente, o Problema do Ser. Ainda podemos relacionar: Joana D’Arc médium (1910) e seu último livro o Gênio Celta e o Mundo Invisível (1927).
Denis continuou suas conferencias por toda a Europa e passou a merecer o título de Apóstolo do Espiritismo não somente divulgando a Doutrina Espírita, mas direcionando corretamente o pensamento daqueles que desvirtuavam os seus conceitos. Na defesa do Espiritismo ele assemelhava-se ao apóstolo Paulo, que nem suas peregrinações saiam a esclarecer consciências.
Em 1900, foi realizado outro Congresso Espiritualista Internacional, desta vez em Paris, Denis foi nomeado Presidente Efetivo. Novamente se encontraram representantes das diversas escolas espiritualistas. Compareceram Victorien Sardou, além de nomes de projeção internacional como Alfred Russel Wallace e Alexandre Aksakof (…).
Embora sempre estivesse firme em suas posições espíritas, o Apóstolo do Espiritismo sempre tolerava o pensamento de outras crenças religiosas, ele apenas não admitia que ideias estranhas fossem incorporadas à Doutrina.
Léon Denis experimentou uma dura tarefa quando teve que expor o que ficou conhecimento como o “Caso Miller”.
Tratava-se do episódio envolvendo Miller (? -?), que apesar ter origem francesa, residia em São Francisco, Estados Unidos. Na cidade onde morava ele era um conhecido fraudador de fenômenos mediúnicos- embora alguns afirmem que ele possuía alguma mediunidade -; por outro lado em Paris, era tido como um médium que propiciava materializações. Suas sessões tinham sido assistidas inclusive por Léon Denis.
Ao perceber a mistificação de que tinha sito vítima, o médium conferencista – escritor, embora enfrentando enormes barreiras pessoais, denunciou Miller, exclusivamente para promover a defesa do Espiritismo. Tal posição criou inúmeros aborrecimentos, visto que muitos de seus colegas de fé criam na autenticidade do médium mistificador.
No Congresso Espírita Universal de 1910, realizado em Bruxelas, participou como delegado da França e do Brasil, que não tinha enviado representante. Posteriormente em 1913, dividiu o cargo de Presidente do Congresso Espírita Internacional, em Genebra.
Sua saúde começou a piorar e ele teve que interromper suas conferências, mesmo assim durante a Primeira Guerra Mundial publicou artigos em defesa de sua Pátria.
Em 1916, ressurgiu reorganizada por Jean Meyer, a Revista Espírita, Denis passou então a colaborar com o periódico, inclusive com a elaboração de artigos, em conjunto com Camille Flamarion.
(…) Jean Meyer e Léon Denis, ainda trabalham em conjunto, reorganizando a União Espírita Francesa –onde Denis ocupou o cargo de Presidente de Honra – e constituíram o Congresso Internacional Espírita, realizado em Paris, em 1925, quando ele ocupou a Presidência, e do qual participou Arthur C. Doyle.
No congresso, o médium diferenciou o rumo da nascente Metapsíquica com os do Espiritismo:
“Tanto quanto os metapsiquistas, amamos a ciência, pelos imensos serviços prestados à humanidade, reconhecemos a necessidade do controle científico, porém, discordamos quanto à sua aplicação”.
Com tais afirmações ele quis diferenciar a visão materialista que tinham os seguidores da Metapsíquica, da visão espiritual dos espíritas. Naquela época, Denis ocupou também a Presidência de Honra da Federação Espírita Brasileira.
Com a saúde abalada, e já quase completamente cego, desencarnou com pneumonia em 1927…
Os trechos utilizados foram destacados do livro Léon Denis de Gaston Luce.
Fonte: Capítulo 6, terceira parte, os pesquisadores da mediunidade I – múltipla mediunidade, A mediunidade na história humana: surgimento do espiritismo e os pesquisadores da mediunidade I(volume 3), Licurgo S de Lacerda, Araguari MG, Minas Editora.