Hernani Guimarães Andrade nasceu em 31 de maio de 1913, em Araguari, Minas Gerais. Tornou-se espírita aos 16 anos de idade, atraído pela racionalidade e pela coerência dos postulados de Allan Kardec. Mudando-se para São Paulo, cursou Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP, formando-se em 1941. Pouco depois de formado, tornou-se engenheiro-chefe na Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (Rio de Janeiro), entre 1943 e 1951.
Retornando à metrópole paulistana, ingressou no Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) onde ocupou inúmeros cargos, até 1983, quando se aposentou compulsoriamente aos 70 anos de idade como diretor de Divisão desse organismo.
Após estudar exaustivamente as obras clássicas da Doutrina (Delanne, Denis, Bozzano, Flammarion, Crookes, Aksakoff, Richet, Crawford, Lombroso, de Rochas e tantos outros), examinou os experimentos e as teorias dos Metapsiquistas e dos Parapsicólogos, na busca da realidade e da essencialidade do espírito. Possuía conhecimentos aprofundados de Física e de diversos aspectos das Ciências Biológicas, da Cosmologia, da Estatística e da Psicologia. Tinha apreciável domínio de várias disciplinas filosóficas, principalmente aquelas mais relacionadas com a Ciência (Lógica, Epistemologia, Metodologia de Pesquisa, Gnosiologia).
Suas atividades didáticas foram muitas. Foi diretor-fundador e professor de Matemática do Ginásio Macedo Soares (Volta Redonda – RJ), professor de Física na Escola Técnica da Usina de Volta Redonda (RJ) e professor-visitante na Universidade John F. Kennedy, na Argentina, onde proferiu aulas e conferências sobre Parapsicologia.
Fundou em 1963, juntamente com outros estudiosos do aspecto científico da Doutrina, o IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofisicas, com sede em São Paulo. O termo “Psicobiofísica” foi cunhado pelo Engenheiro italiano Professor Dr. Marco Todeschini – presidente do “Centro Internazionale di Psicobiofísica”.
Em março de 1966, Hernani conheceu no DAEE, sua mais fiel colaboradora: a professora Suzuko Hashizume. Como Suzuko interessou-se pela pesquisa de fenômenos paranormais, passou a ajudá-lo também fora do ambiente de trabalho, acompanhando-o inclusive quando se mudou para Bauru, interior de São Paulo, em junho 1992, levando o IBPP para esta cidade.
Era um estimulador e motivador de jovens que se iniciavam no estudo científico do Espiritismo. Nessa tarefa ministrou cursos, seminários e palestras, orientou leituras, montagem de laboratórios e roteiros de experiências, incentivou a feitura de artigos em periódicos e livros.
Foi para muitos, um autêntico mentor encarnado. Sua modéstia, integridade moral, seriedade intelectual, prudência, sabedoria e generosidade eram incomparáveis.
Cada visita em sua residência ou em sua instituição era um momento de intensa aprendizagem e de atualização no que tange às investigações dos fatos paranormais levados a efeito no País e no mundo, porquanto mantinha correspondência assídua com dezenas de instituições e cientistas.
Foi um incansável divulgador dos estudos, teorias e pesquisas levadas a efeito no País e no exterior em livros e em periódicos. Apresentou comunicações em Congressos de âmbito nacional e internacional, com textos inseridos em anais e “proceedings”. Como conferencista, Hernani Guimarães Andrade realizou inúmeras palestras, seminários e cursos de Parapsicologia no IBPP, na Universidade de São Paulo, na Associação Médico-Espírita de São Paulo (AME-SP), no Instituto Nacional de Terapia de Vivências Passadas (INTVP), na Universidade Estadual Paulista (Unesp), além de instituições filantrópicas.
Suas pesquisas laboratoriais começaram com a construção do Tensionador Espacial Eletromagnético e, depois, do Tensionador Espacial Magnético, com câmara de campos compensados. Em outubro de 1966, por meio dos aparelhos citados, construídos por ele e por seus filhos, Hernani iniciou pesquisas para verificar a existência do Campo Biomagnético – CBM, implicado na ligação entre o espírito (como substância) e a matéria, no fenômeno da vida, que, por conseguinte, demonstrará a existência de um Modelo Organizador Biológico nos seres (hipótese de sua autoria desde 1958).
Com o objetivo de evitar o preconceito existente nos meios da ciência acadêmica em relação ao Espiritismo, utilizou pela primeira vez no Brasil o nome de “Psicobiofísica” para denominar a “disciplina científica cujo objeto é o estudo dos fenômenos psíquicos, biológicos e físicos em todas as suas manifestações. Com ênfase nas de caráter paranormal”. Segundo Hernani, “a Psicobiofísica parte dos seguintes princípios, cuja realidade é sobejamente apoiada pelas evidências observacionais e experimentais:
- a existência do Espírito como realidade positiva e demonstrável… ainda que não aceita pelo establishment científico oficial;
- a existência dos fenômenos paranormais…
- a classificação desses fenômenos segundo as categorias psíquica, biológica e física e a tentativa de explicá-los e a descoberta de suas leis;
- ao contrário da moderna Parapsicologia, aceita, a existência, a sobrevivência do Espírito e a reencarnação, …e admite a interação entre as matérias física e a espiritual”.
Realizou inúmeros estudos teóricos sobre Psicobiofísica, através de modelos matemáticos, criando o Modelo Geométrico do Espírito, capaz de explicar vários fenômenos biológicos, paranormais e mediúnicos e detalhado em sua obra “Espírito, Perispírito e Alma: Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico”.
Durante mais de 37 anos, efetuou investigações sobre o fenômeno “Psi”, segundo os cânones adotados pelo norte-americano J. B. Rhine; sobre Reencarnação pelo método criado por Ian Stevenson; sobre Poltergeist pelo processo por ele criado; sobre Transcomunicação Instrumental segundo os paradigmas adotados pelos estudiosos europeus; além de ter investigado a mediunidade e outros fenômenos paranormais espontâneos. Foi o primeiro brasileiro a projetar e construir uma câmara Kirlian.
Por 28 anos manteve o suplemento “Ciência & Espiritismo” no jornal “Folha Espírita”, publicando cerca de 350 artigos, alguns sob os pseudônimos de Karl W. Goldstein e Lawrence Blacksmith, entre outros. Na verdade, foram seus artigos, os responsáveis pelo surgimento, no Brasil e no exterior, de uma massa crítica, interessada no aspecto científico do Espiritismo, o que facilitou a sedimentação e a expansão do Movimento Médico-Espírita, que se iniciou em março de 1968 e deslanchou a partir de junho de 1995. Colaborou com numerosos artigos para outros periódicos como: “No Mundo Maior”, “Obreiros do Bem”, “Revista Internacional de Espiritismo”, “Planeta e Visão Espírita”. Participou de diversas antologias e coletâneas de ensaios.
Coordenou e supervisionou a tradução das obras “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” de Ian Stevenson, e “Espaço-Tempo e Além” de Bob Toben e Fred Allan Wolf; dos fascículos sobre “Parapsicologia”, elaborados por Elsie Dubugras, do fascículo sobre “Efeito Kirlian” publicado pela Editora Três e prestou assessoria científica na elaboração do “Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”, de autoria de João Teixeira de Paula.
Elaborou anteprojetos para a construção de laboratórios de parapsicologia e psicobiofísica para a Egrégia Universidade de São Paulo – USP, em 1969 e para a Organização Santamarense de Educação e Cultura – OSEC em 1975. Também elaborou um anteprojeto para a implantação da Cadeira de Parapsicologia apresentado à Faculdade de Ciências Bio-psíquicas do Paraná em 1981.
Seu nome aparece como verbete na Enciclopédia da Vida Após a Morte, de autoria de James Lewis, e seus trabalhos constituem a terceira parte do livro “The Flying Cow” do escritor e pesquisador inglês Guy Lyon Playfair (traduzido para o vernáculo e publicado pela Editora Record sob o título “A força Desconhecida”), além de outras obras do mesmo autor sem tradução para o português (“Indefinite Boundaries” etc). Suas pesquisas ainda se encontram em outras obras estrangeiras como “Psychic Voyages” de Stuart Holroyd e “Xenoglossy” e “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” de Ian Stevenson. Contou em todo esse labor com a inestimável colaboração da professora Suzuko Hashizumi, que atualmente (2004), monta os originais de obras póstumas a serem editadas.
Hernani Guimarães Andrade retornou ao plano espiritual em 25 de abril de 2003, aos 89 anos de idade, deixando uma obra respeitável, no campo da pesquisa científica, com dezessete livros publicados:
A Teoria Corpuscular do Espírito (1958), ed. Autor, reedição de 2007, ed. Didier;
Novos Rumos à Experimentação espirítica (1960), ed. Autor, reedição de 2009, ed. Didier;
Parapsicologia Experimental (1967), ed. Pensamento;
A Matéria Psi (1972), ed. O Clarim; (também em inglês);
Morte, Renascimento e Evolução (1983), ed. Pensamento, (também em espanhol), reedição de 2003, ed. Didier;
Espírito, Perispírito e Alma (1984), ed. Pensamento, reedição de 2005, ed. Didier;
Psi Quântico (1986), ed. Pensamento, reedição de 2000, ed. Didier;
Reencarnação no Brasil (1988), ed. O Clarim; (também em espanhol)
Poltergeist (1989), ed. Pensamento;
Transcomunicação Instrumental (1992), ed. FE;
Renasceu por Amor (um caso que sugere reencarnação) (1995), ed. FE;
Transcomunicação Através dos Tempos (1997), ed. FE;
Morte, uma Luz no Fim do Túnel (1999) ed. FE;
Parapsicologia – Uma Visão Panorâmica (2002), ed. FE;
Você e a Reencarnação (2003), ed. CEAC;
A Mente Move a Matéria (2005), ed. FE;
Você, o Poltergeist e as Casas Mal Assombradas (2006), ed. Didier.
Possui ainda cinco monografias publicadas:
O Caso Ruytemberg Rocha (1971), ed. Autor; (também em inglês)
Um caso que sugere Reencarnação: Jacira & Ronaldo (1971), ed. Autor; (também em inglês)
Um caso que sugere Reencarnação: Simone & Angelina (1979), ed. Autor;
O Poltergeist de Suzano (1982), ed. Autor;
O Poltergeist de Guarulhos (1984), ed. Autor.
Fonte: Adaptado de Y. Shimizu com informações de Suzuko Hashizume, por David L. Desidério.